Por Lilian D ‘Araujo
@lydcorr
O Amazonense até sabe que os antepassados donos destas terras conhecidas por Amazônia foram os indígenas. O amazônida até sabe que ainda existem mistérios e povos dentro da floresta. Mas, poucos se identificam como indígenas. Poucos sabem que estes povos ainda são os donos desta terra e que eles ainda estão lá defendendo a cultura raiz dessa região. Mas, para nos ajudar a compreender, o artista-antropólogo e professor Luiz Davi Vieira saiu do Goiás e foi para dentro da floresta conhecer a Amazônia verdadeira. Desde então, já se vão 10 anos de convivência com os Yanomami, estudando a cultura e, principalmente, o xamanismo. Sua jornada está sendo contada no livro “Do sopro ao afeto: Corpos Kõkãmou na experiência xamânica”.
Convidado para um bate-papo na bancada do Trends JC, direto dos estúdios do Jornal do Commercio, Luiz Davi trouxe o ‘curandeiro informal’ Chris DKey, que também é um xamã em formação. Eles explicaram o que é o xamanismo e contaram um pouco de suas experiências com os povos originários. A live do Trends pode ser assistida na íntegra no portal do JCAM Streaming – www.jcam.com.br.
Luiz Davi conta no seu livro como foi aceito como ‘o branco’ entre os yanomami e foi conquistando seu espaço até se tornar parte do povo. “Fui como pesquisador para meu doutorado e hoje sou um apaixonado pela Amazônia e posso dizer que fui aceito como um yanomami”, diz. Seus estudos sobre o xamanismo o levaram a viver experiências incríveis que ele conta no seu livro.
“O xamanismo é a prática de prevenção e cura dos povos tradicionais. É o diálogo com a espiritualidade. É a ferramenta que as pessoas que se preparam a vida toda para isso, utilizam para a manutenção da vida por meio da busca espiritual”, explica o antropólogo. Segundo seus estudos, o xamanismo é diferente para cada um dos povos. “Todo povo tem aquela figura que dialoga com a espiritualidade e funciona como um tradutor para a sociedade”, comenta.
O xamanismo é simplesmente o diálogo com as imaterialidades, os encantados. “É o acesso àquele campo acolhedor de um lugar sensível”, diz Luiz Davi.
Seu olhar, suas experiências e essa bonita narração da vida com os yanomamis estão documentadas no livro, para que nós possamos conhecer.
Já o xamã em formação, Chris DKey conta que sua jornada se inicia com sua própria busca pelas suas raízes. O chamado aconteceu na sua vida e desde então ele vive entre o mundo espiritual e o mundo real. Hoje, ele atende a pessoas que precisam, com rezas, orações, benzimento e curanderia.
“É preciso um completo alinhamento de mente, corpo, ensinamentos e espírito para que a gente consiga acessar o campo espiritual e receber os ensinamentos”, explicou.
Chris ensina que há muitas formas de se chegar a esse mundo sobrenatural e seu sangue indígena o permite fazer isso sob muita dedicação de vida. “Há medicinas que precisamos usar para preparar nossa alma. São rituais pesados e que nos deixam abertos para esse diálogo. Não é para qualquer um, mas podemos sempre buscar nos abrir para a espiritualidade. Isso é livre”.
Chris aproveitou para fazer uma demonstração de transe, utilizando um maracá, fabricado com raiz da
ayahuasca e nos presenteou com um canto para limpar nosso ambiente e nosso estúdio. Se você, leitor, quiser conferir esse momento, é só acessar a live no portal do JCAM.
O fato é, meus amigos, que há mais mistérios entre o céu e a Amazônia que a vã filosofia dos homens pode imaginar. E eles estão todos aqui, prontos para nos receber no plano espiritual. Comece a sua jornada!