23 de novembro de 2024

Indústria do Amazonas tem melhor resultado do ano em março

A indústria do Amazonas acelerou pela quarta vez seguida em março e registrou seu melhor resultado do ano, liderando o ranking de crescimento do setor. A produção avançou 8,7% sobre fevereiro, com alta muito mais vigorosa do que a do levantamento anterior (+1,6%), em um mês com cinco dias úteis a mais. O confronto com março do ano passado confirmou uma escalada de 23,5% para a manufatura estadual. O período foi de avanço para quase todos os segmentos, principalmente para petróleo e combustíveis e para as linhas de produção de eletroeletrônicos, bens de informática e motocicletas – os carros-chefes do PIM.

A consolidação de mais um mês no azul permitiu à indústria amazonense decolar 14,8% no trimestre, confirmando o Estado no primeiro lugar do ranking brasileiro também nesse tipo de comparação. Mas, a indústria extrativa voltou a ficar no campo negativo no acumulado e a indústria de transformação voltou a registrar baixas nos subsetores de químico e de máquinas e aparelhos e materiais elétricos. Em 12 meses, o avanço foi de 7,5%. Em contraste, as médias nacionais (+1,1%, +0,9%, -0,4% e 0%) praticamente não saíram do lugar. Os números são da Pesquisa Industrial mensal e foram divulgados pelo IBGE, nesta sexta (19).

Com a progressão de 8,7% diante de janeiro, o Amazonas subiu do sétimo para o segundo lugar do ranking das 17 unidades federativas investigadas pelo IBGE, sendo precedido apenas pelo Mato Grosso (9,3%) – e com o Espírito Santo (-1,8%) em último. A alta de 23,5% na comparação com março de 2022, manteve o Estado na primeira posição, enquanto o Rio Grande do Sul (-6,5%) ficou no outro extremo. Com o acréscimo de 14,8% no trimestre, a indústria amazonense também se manteve na primeira colocação, em uma lista com nove resultados negativos e encerrada pelo Rio Grande do Sul (-9,2%). 

Combustíveis e eletroeletrônicos

Na comparação com março de 2022, a indústria extrativa (óleo bruto de petróleo) marcou sua segunda elevação consecutiva, ao subir 3,3%. A indústria de transformação decolou 25,1% – em performance ainda melhor do que a do levantamento anterior (+7,1%). Apenas três de seus dez segmentos recuaram: produtos químicos (metais preciosos, inseticidas, nitrogênio e desinfetantes, com -15,5%); produtos diversos” (artefatos de joalheria, isqueiros, lentes oculares, lápis, e fitas para impressoras, com -5,2%); e máquinas, aparelhos e materiais elétricos (conversores, alarmes, condutores e baterias, com -1%). 

A lista de subsetores em expansão foi liderada com folga por equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (celulares, computadores e máquinas digitais, com +55,2%); e petróleo e combustíveis (gás natural, com +34,7%); e máquinas e equipamentos (condicionadores de ar e terminais bancários, com +29,9%). Na sequência estão as divisões de “outros equipamentos de transportes” (motocicletas e suas peças, com +12,1%); bebidas (+9,9%); produtos de metal (lâminas, aparelhos de barbear, estruturas de ferro, +5,6%); e produtos de borracha e material plástico (+1,7%).

O acumulado dos três primeiros meses do ano também mostrou um quadro majoritariamente favorável. A indústria de transformação expandiu 16%, enquanto as divisões de derivados de petróleo e combustíveis (+26,9%); equipamentos de informática e produtos eletrônicos e ópticos (+25,5%); e “outros equipamentos de transporte” (+18,2%) ficaram acima dessa média. As linhas de produção de máquinas e equipamentos (+14,8%); bebidas (+14,8%); produtos diversos (+5,6%); produtos de metal (+5%); e de borracha e material plástico (+1,1%) também pontuaram bem. Na outra ponta estão os subsetores de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-9,4%); e de produtos químicos (-6,6%). A indústria extrativa (-0,4%) também se consolidou no vermelho. 

“Boas expectativas”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, assinalou que a performance positiva do setor no Amazonas proporcionou um “forte aumento do histórico” de produção no acumulado dos três meses iniciais do ano, demonstrando “melhora para a indústria local” na comparação com igual período do ano passado, quando o desempenho ficou negativo em -0,3%. O pesquisador destacou também que, assim como ocorrido em fevereiro, a alta veio disseminada na maior parte dos subsetores e avalia que o desempenho tende a se manter positivo nos curto prazo.

“A boa produção de março em relação a março do ano passado foi puxada por gás natural, unidades de memória, celular, televisão, terminais bancários, motocicletas, peças, rebocadores, ar-condicionado split e central e xaropes para refrigerantes. Apenas três atividades industriais tiveram queda na produção. A média móvel trimestral está bastante consistente, sendo inclusive a segunda melhor do país. Isso permitindo boas perspectivas para a produção industrial, nos próximos meses”, afiançou.

“Solidificação do mercado”

O presidente da Aficam (Associação dos Fabricantes de Insumos e Componentes do Amazonas), Roberto Moreno, considera que os dados da pesquisa do IBGE consolidam o fortalecimento da economia, em processo que ele aponta ter começado já 2022. No entendimento do dirigente, a demanda para os manufaturados do Polo Industrial de Manaus tem se mantido favorável “na maioria dos segmentos em geral” e, apesar das dificuldades, ainda há perspectivas de crescimento para os próximos meses. 

“É claro que oportunidades comercias, em datas tão importantes como o Dia das Mães, contribuem para esse crescimento. Mas, a solidificação do mercado sustenta, em sua maioria e na média, esses indicadores. Continuamos firmes na manutenção dos pedidos para os próximos meses, acreditando na continuidade dos índices médios crescentes, e também no crescimento de nossa economia. Ainda mais se o posicionamento referente a reforma Tributária continuar com viés positivo para nossa região. Confiamos nas nossas autoridades, para manutenção dos empregos, investimentos e crescimento da ZFM”, asseverou.

Em entrevistas recentes à reportagem do Jornal do Commercio, o presidente da Fieam (Federação das Indústrias do Estado do Amazonas), Antonio Silva, avaliou que os indicadores mais recentes têm mostrado números surpreendentes. No entendimento do dirigente, os números sinalizam “recuperação paulatina e constante” do segmento produtivo local, mesmo diante de um “cenário de incertezas” para a manufatura em geral, em razão da alta dos juros e das oscilações na confiança do consumidor.

“Os dados de produção denotam a consolidação dos principais produtos manufaturados no Polo Industrial de Manaus: televisores, celulares, motocicletas e condicionadores de ar. Dada a estrutura e verticalização da produção, é esperado que permaneçam como carro-chefe do modelo. A expectativa é de que tenhamos um ano ainda marcado por instabilidades, o que pode se refletir nos indicadores de produção”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio

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