Segundo o Dicionário Online de Português, a palavra Carnaval vem do latim canelevare, carnilearia, que significa “abster-se, afastar-se da carne”. No sentido figurado, “Bagunça; excesso de barulho, de pessoas, de confusão”. Historicamente, o Carnaval era uma festa profana que, tendo sua origem na Antiguidade e, posteriormente, sendo recuperada pelo cristianismo, tinha início no dia de Reis e acabava na Quarta-Feira de Cinzas, antes do início da Quaresma.
Infelizmente, depois do aparecimento da Covid-19, 2022 é mais um ano em que o Carnaval é suspenso em todo o país. Um período onde muitos aproveitam para extravasar tudo o que é reprimido. Para você, o que é o Carnaval? Na sua opinião, ter ou não ter Carnaval na pandemia? O que o momento nos pede? Como aproveitar a data para o autocuidado? É possível praticar o reto agir, reto falar e reto pensar? Quais são os símbolos e significados dessa festa? Como você costuma aproveitar o feriado de Carnaval?
Sobre o Carnaval, eu tenho dois grupos de amigos. Os amigos do primeiro grupo saem fantasiados, dançam, brincam e proclamam em alto e bom som: “Carnaval é bom demais. É festa da alegria, do amor, da cultura. Sem carnaval a vida torna-se triste e reprimida”. Os participantes do segundo grupo dizem: “Carnaval é festa da perdição. Quantos acidentes acontecem nesse período? Quantas mortes? Quantos estupros? Quantas mulheres espancadas? Quantas famílias destruídas? Quantos assassinatos? Acidentes?”
Certamente, o primeiro grupo de meus amigos concordam com o filósofo alemão Friederich Nietzsche (1844-1900) quando diz que: “Eu só poderia crer em um Deus que soubesse dançar”. É isso mesmo! Os meus amigos que gostam de Carnaval amam a vida, vão a igreja, vivem sorrindo, parece que não há tempo difíceis para eles e ainda encontram tempo para praticar caridade. Já o segundo grupo de meus amigos, aqueles que não gostam de Carnaval, levam a vida muito a sério, com medo de tudo e de todos. Dizem cuidar da família, dos amigos, mas nunca estão com eles… Os meus amigos que não gostam de Carnaval, vivem em suas igrejas, orando, “aguardando à vinda do Senhor”, como eles dizem. Interessante que a maioria deles possuem rostos amargos, cansados, reprimidos!
Particularmente penso e sempre digo para os meus amigos que o Carnaval é um período propício para o autocuidado, para a reflexão interior, seja dançando ou orando; tempo para praticar o reto agir e ser feliz. Daí que surge a seguinte pergunta: é possível não gostar de Carnaval e ser feliz? Levar a vida mais alegre e menos reprimida? Acreditamos que sim! Que é plenamente possível não gostar de Carnal e ser alegre, feliz, livre.
Talvez o símbolo maior do Carnaval seja mesmo à introspecção de tudo aquilo que é puramente humano em nós. Um momento de reflexão interior para descobrir o melhor de nós, para colocar a vida em perspectiva. Mesmo sendo uma festa pagã, uma festa da carne, é possível brincar o Carnaval sem a intensão de fazer o mal, de machucar o outro; sem se embriagar de cachaça, de cerveja, de drogas; sem se prostituir.
Contra todos aqueles e aquelas que defendem a vida reprimida, sofrida, infeliz; que acham que temos que ser sérios o tempo todo, que não podemos ir as festas, brincar, pular Carnaval, para sermos felizes, o Apóstolo Paulo diz: “Alegrai-vos sempre no Senhor; outra vez digo: alegrai-vos. Seja a vossa moderação conhecida de todos os homens. Perto está o Senhor. Não andeis ansiosos de coisa alguma; em tudo, porém, sejam conhecidas, diante de Deus, as vossas petições, pela oração e pela súplica, com ações de graças” (Filipenses 4, 4-11).
Aproveitar o Feriado de Carnaval para o autocuidado é fazer o que se gosta, ser ético e respeitar as opiniões adversas. Não é dividir o mundo entre “sagrado” e “profano”, entre “santos” e “pecadores”. Carnaval é mesmo uma festa da alegria, da amizade, do amor; uma festa popular, democrática e cultural.
Por fim, eu me identifico com o primeiro grupo de amigos descrito acima. Gosto de Carnaval e estou muito triste porque há dois anos não brinco de Carnaval. Mas assim que essa pandemia passar vamos festejar como nunca o Carnaval. E plagiando o filósofo Nietzsche, termino esse artigo dizendo: “Eu só poderia crer em um Deus que gostasse de Carnaval”.