Caminho diariamente no condomínio em que resido com minha família. Costumo aproveitar estas andanças para escutar as orientações de Dom Mário Pasqualotto, Padre Emerson, Apolônio Carvalho do Nascimento. E volta e meia, o Padre Lúcio Nicoletto, de Boa Vista, além de textos e vídeos de outros cristãos católicos e de outras igrejas. Na realidade, de manhã cedo busco uma boa “alimentação espiritual” para mente e espírito…Sem esquecer da leitura e reflexão do Evangelho, pelo Compêndio da Lectio Divina, assim como as orações.
Depois dessa preparação, que passa pela higiene pessoal e por um café da manhã saboroso, junto com minha esposa, seguido da necessária lavagem de louças, o trabalho se torna mais leve e prazeroso. Não que as dificuldades desapareçam por encanto, pois espiritualidade não é mágica, não é panaceia para todos os males. Na realidade, o exercício da espiritualidade nos auxilia a compreender e enfrentar as dificuldades com as quais nos defrontamos e a enxergá-las como desafios a serem enfrentados com a sabedoria do Espírito.
Não pretendo ser modelo para ninguém, porque sou apenas um ser humano repleto de limitações e defeitos, alguns deles que incomodam mais meus familiares próximos do que a outras pessoas, principalmente os derivados de um certo perfeccionismo e mania de controle e de uma administração ainda não tão eficiente quanto desejo, das cargas de stress de algumas atividades. Nesse sentido, não é tão incomum que aquela “carga” de energia positiva do início do dia vá se esvaindo mais rapidamente do que eu gostaria, com a paciência e a disposição diminuindo e a ansiedade voltando, diante de tarefas diversas que se projetam na minha mente. Momento de parar, respirar fundo, pedir o Auxílio Dele e saber que sou somente um ser humano imperfeito, mas que deseja acertar,
Posso lhes dizer que estive próximo de uma depressão após a decisão de romper – pelo menos por um período “sabático” – o vínculo com cargos públicos e o exercício da política partidária. Com suporte da espiritualidade cristã e humanista e com apoio fundamental de minha família e amigos diletos, foi possível evitar o caminho do abismo da angústia profunda de se sentir frustrado, injustiçado, impotente e incapaz diante de circunstâncias sobre as quais não tive o desejado controle. Este é um processo de “sofrimento psíquico” pelo qual muitas pessoas passam durante e após um trauma mais forte, uma decepção de maior impacto. Não seria diferente comigo, que estou aprendendo a ser mais humilde e a perdoar os que me atacaram, – de boa ou de má fé – os que se omitiram e não foram solidários e a mim mesmo, que errei pensando que estava acertando, quando tentava acertar, mas de modo equivocado. Percebi desde então, de modo mais claro, certas limitações de temperamento e de atitude e acredito que isso foi bom para me tornar menos arrogante, menos vaidoso, mais compreensivo e paciente.
Digo essas coisas neste pequeno texto para que os leitores saibam que não me considero superior a ninguém. E que busco levar à sério, sem buscar impor aos outros, a espiritualidade do Amor que Jesus praticou e ensinou durante sua breve passagem pelo mundo. Esta espiritualidade teve diferentes “intérpretes” em pessoas com diversas prospecções religiosas e/ou filosóficas, como Santa Terezinha de Liseaux, Santa Tereza D’Ávila, São Francisco de Assis, Chiara Lubich, Martin Luther King, Mahtama Gandhi e até os políticos espiritualizados Igino Giordani e Nelson Mandela. Destaco-os dentre muitos outros homens e mulheres que foram capazes de doar-se em vida no amor ao seu próximo.
Nas minhas caminhadas diárias, cumprimentando com carinho a cada pessoa por quem passo, seja no meu trabalho cotidiano – com a equipe que comigo atua – e também com minha própria família e amigos, ou em qualquer outra atividade social, devo compreender que esta vida passa muito rápido e que o bem que podemos fazer vale muito mais do que o sucesso que eventualmente possamos obter.
Isto para mim é o essencial. Amar.