Quando a imprensa faz uma matéria exaltando as qualidades de nosso Brasil, logo aparecem os “pesquisadores” para ver a tendência política de quem escreveu. Falar bem da nossa pátria amada parece ter virado exceção de uma regra boba, mas que muitos “exigem” que seja seguida. Aqueles brasileiros que ganham seu dinheiro aqui e moram no exterior têm um status reverenciado por muitos conterrâneos. A meu ver os atletas, principalmente jogadores de futebol, que ganham dinheiro fora e aplicam no Brasil merecem mais aplausos. Enfim, a liberdade concede a cada um ganhar seu dinheiro onde quiser, ou puder, e gastá-lo onde bem entender.
Na minha juventude, sempre fiz parte daqueles que reclamavam das empresas multinacionais, acreditando que elas deixavam em solo brasileiro unicamente os salários (baixos) pagos aos seus colaboradores. Até as compras principais destas empresas eram feitas no exterior. Kurt Mirov, em seu livro censurado “A Ditadura dos Cartéis”, denunciava nos anos 1970 que o índice nacional de compras da própria Petrobras girava em torno de 3%. Em outras palavras, o que era exigido das empresas do Polo Industrial de Manaus, por exemplo, não era cumprido por aquela estatal. E o lucro das multinacionais era enviado para fora em compras superfaturadas.
Sempre quando o centro nervoso de uma empresa fica situado fora do lugar em que atua, as grandes decisões são tomadas lá, numa agressão flagrante até à cultura local. Isso é um fato natural, economicamente aceitável. O que não se pode aceitar é que a tecnologia, isto é a criação dos novos produtos e componentes, não seja transferida para o local de atuação. Havia uma empresa multinacional de telefonia em Manaus que tinha aqui seu centro de tecnologia. Ela não existe mais. Outras nem se preocupam com isso.
Quando uma empresa brasileira se tornou a maior produtora de proteínas do mundo, eu fiquei feliz. Minha felicidade murchou quando soube dos meios que foram usados para que ela chegasse lá. Contudo, isso significa que, se o financiamento fosse um pouco mais acessível a outros empresários eles também cresceriam. Nunca podemos deixar de considerar que os entraves para soluções de muitos problemas no Brasil são criados em órgãos públicos, muitas vezes não levando em consideração o interesse coletivo. Muitas vezes até coisas pequenas encontram entraves. Quando foi escancarada que a corrupção que havia nos financiamentos fáceis, tinha ramificações no Congresso nos perguntamos quantas normas e portarias são orientadas por lobbies (corrupção) de grandes empresas. Cito um exemplo que é a proibição da confecção de maionese caseira em restaurantes. A fabricação deste creme está nas mãos de poucos. Até parece que toda a comida de restaurante não é para consumo imediato.
Entre todos os casos, o mais triste é vermos brasileiros influentes que moram no exterior manchando o nome do Brasil somente para ficar bem na mídia. Nestes casos, uma afirmação negativa recebe mais atenção que uma positiva. É muito lastimável que haja brasileiros apoiando essa difamação. É como apresentar a roupa suja para o vizinho, na esperança infantil de que ele a venha lavar. Escancarar a podridão não costuma trazer solução nenhuma.
Muitas vezes me pergunto o que essa gente sente ao ouvir ou cantar o hino nacional. Para esses a pátria só existe na hora do futebol quando a seleção joga? Por que nossos marqueteiros não conseguem trazer para o dia a dia a paixão que a competição esportiva provoca? Não está na hora de sermos um pouco mais a favor do Brasil?