A performance de um colaborador pode cair repentinamente devido a diversos fatores, e o impacto disso no time pode ser significativo. Quando a performance de um membro da equipe diminui, a reação imediata do líder é muitas vezes crucial. Agir rapidamente pode ajudar a mitigar o impacto negativo, mas é igualmente essencial que a abordagem seja empática, para entender o que está acontecendo por trás dessa queda de desempenho.
A liderança não deve se limitar a corrigir, mas deve envolver uma análise cuidadosa das circunstâncias que envolvem o colaborador, com ações que contribuam para a recuperação e o desenvolvimento contínuo, afinal, neste contexto, diversos fatores podem impactar a performance de um colaborador.
Entender as causas subjacentes dessa queda é essencial para a construção de uma solução eficaz. Algumas das razões mais comuns incluem:
1. Problemas Pessoais ou de Saúde: Estudos indicam que questões pessoais ou problemas de saúde física e mental estão entre as causas mais recorrentes de queda de desempenho. Dados da American Psychological Association (APA) mostram que 61% dos trabalhadores relatam que problemas de saúde mental impactam diretamente sua produtividade no trabalho. O colaborador pode não se sentir confortável para compartilhar esses problemas imediatamente, mas é vital criar um ambiente em que ele se sinta seguro para falar sobre suas dificuldades.
2. Falta de Motivação ou Engajamento: A falta de motivação ou o distanciamento emocional do trabalho são fatores poderosos que podem minar a performance. De acordo com uma pesquisa da Gallup, 85% dos colaboradores no mundo estão desengajados ou apenas parcialmente engajados com o trabalho. Isso pode se manifestar em produtividade reduzida, atraso nas entregas e falta de entusiasmo nas atividades diárias.
3. Desafios no Ambiente de Trabalho: Quando há conflitos com colegas, falta de recursos adequados, ou uma sobrecarga de tarefas, o clima organizacional pode ser afetado negativamente, o que impacta a performance do colaborador. Segundo dados da Harvard Business Review, cerca de 25% dos colaboradores reportam que o estresse relacionado ao trabalho é uma das causas mais frequentes para quedas no desempenho.
Como líder, o seu papel é essencial para ajudar o colaborador a retomar seu ritmo de trabalho. A ação imediata é necessária, mas deve ser conduzida com cuidado e empatia. Veja a seguir algumas formas de atuação eficazes:
• Conversa Individualizada e Empática: A primeira ação deve ser uma conversa individualizada e empática. Em vez de uma abordagem punitiva ou imediata, é importante escutar ativamente o colaborador. Segundo Daniel Goleman, especialista em inteligência emocional, “A escuta ativa e a empatia são habilidades essenciais para líderes eficazes, pois criam um ambiente de confiança e compreensão mútua.”
• Identificação de Fatores Externos que Podem Estar Influenciando: A escuta deve se concentrar não apenas no desempenho atual, mas também nos fatores externos que podem estar influenciando. Isso pode incluir questões pessoais, sobrecarga de trabalho ou problemas no ambiente de trabalho. É essencial que você mostre disponibilidade para ajudar a encontrar soluções. Estudos da Gallup indicam que líderes que demonstram empatia e interesse genuíno pelo bem-estar de seus colaboradores tem 50% mais chances de ter equipes altamente engajadas e produtivas.
• Apoio Contínuo e Recursos Adequados: Ao identificar as causas da queda de desempenho, você deve agir de forma proativa para fornecer apoio contínuo. Isso pode envolver ajustes na carga de trabalho, fornecimento de recursos ou mesmo o encaminhamento para suporte psicológico ou profissional, quando necessário. Um estudo publicado na Harvard Business Review destaca que 70% dos colaboradores que receberam o apoio adequado durante momentos de dificuldade retornaram ao desempenho esperado em menos de 6 meses.
• Feedback Claro e Construtivo: O feedback é uma ferramenta poderosa na recuperação da performance. No entanto, ele deve ser dado de forma construtiva, com foco nas áreas de melhoria, mas também reconhecendo o que o colaborador tem feito bem. Como afirma Peter Drucker, “A chave para a gestão eficaz não é a punição dos erros, mas o reforço das boas ações.” Seja claro e objetivo, apontando tanto os pontos de melhoria quanto os aspectos positivos que merecem ser continuados.
Lembro de Angela, uma líder de equipe de vendas que poderia ser você ou qualquer outro líder que conheço. Ela percebeu que um de seus vendedores, João, estava enfrentando uma queda notável em suas vendas. Ao invés de repreendê-lo, ela decidiu sentar com João para entender o que estava acontecendo. Ele revelou que estava lidando com um problema pessoal sério, o que o havia deixado desmotivado. Angela, com empatia, ofereceu flexibilidade para que ele pudesse reorganizar melhor seu tempo e ainda o direcionou para o programa de apoio psicológico da empresa. Com esse apoio, João não só recuperou suas vendas, mas também se tornou um defensor do bem-estar dentro da equipe.
A história da Angela nos ensina que a liderança eficaz vai além da supervisão de resultados. A abordagem empática e a escuta ativa são fundamentais para identificar as reais causas da queda de desempenho. Ao invés de penalizar o colaborador, o líder que investe em apoio e flexibilidade cria um ambiente de confiança e respeito. Além disso, ao direcionar o colaborador para recursos adequados, como programas de apoio psicológico, você não apenas ajuda a superar uma fase difícil, mas também fortalece o comprometimento do colaborador com a equipe e a empresa. A lição é clara: líderes que se importam com o bem-estar de sua equipe são capazes de transformar desafios em oportunidades de crescimento, tanto pessoal quanto profissional.
A queda de desempenho é uma situação desafiadora, mas também uma oportunidade para o líder demonstrar apoio, cuidado e sua capacidade de agir com empatia. Através da escuta ativa e da ação proativa, é possível transformar essa situação em um momento de desenvolvimento, fortalecendo a confiança entre o colaborador e o líder.
Como afirmou Simon Sinek, “Os líderes são responsáveis por criar um ambiente onde os outros se sintam seguros e capazes de dar o seu melhor.” Assim, o líder tem a chance de fazer a diferença, não apenas restaurando o desempenho, mas também promovendo um ambiente de trabalho mais saudável e colaborativo.
Cintia Lima
Psicóloga e Mentora de Líderes
@psi.cintialima