Preço alto e baixo estoque de milho preocupam os criadores rurais

Em: 23 de fevereiro de 2021

O Programa “Vendas em Balcão” do governo federal tem dois graves problemas no Amazonas. O primeiro é o alto preço praticado no estado, e o segundo é a redução nacional do estoque público de milho que pode paralisar o programa em todo o Brasil. Nossa bancada federal não pode mais ignorar o alto preço do milho do estoque público praticado pelo governo federal/Conab no Estado do Amazonas.

Da atual bancada, só tive acesso a pleitos do deputado federal Alberto Neto, mas, no meu ponto de vista, somente a união dos nossos deputados federais e senadores para reduzir o valor praticado no Amazonas. Não faz sentido o criador rural do nosso estado pagar R$ 96,00 na saca de 60 kg, o maior valor do Brasil. E em Roraima, esse preço ser de R$ 72,60 a saca de 60 kg.

A regional da Conab no Amazonas, seus técnicos tem se esforçado para ter um preço melhor, mas só a presença política, com ponderações equilibradas e fundamentadas, para resolver o assunto. Temos vários argumentos. Nós estamos falando de um produto com ligação direta na produção de carnes e ovos, ligação direta com a geração de renda dos criadores rurais de aves e suínos, e com a segurança alimentar e nutricional do nosso povo.

Nosso setor primário, nossos 350 mil produtores rurais precisam da união da bancada federal. As entidades como a FAEA, FETAGRI e OCB tem defendido este pleito, assim como o governador Wilson Lima e o secretário Petrucio Magalhães, mas a questão está no âmbito federal, então a melhor estratégia, a obrigatoriedade dessa defesa é dos nossos deputados federais e senadores.

Fim do estoque público de milho

O estoque público nacional de milho em grão vem caindo nos últimos quatro anos. Atualmente, o nível está muito baixo. Esse fim do estoque de milho do governo federal trará graves consequências ao Amazonas, em especial as atividades que dependem desse insumo, entre elas a criação de aves, suínos e bovinos.

Já venho alertando faz tempo essa queda no estoque, sem recomposição. Isso significa a paralisação total do Programa de Vendas em Balcão em todo o Brasil deixando o pequeno criador rural em situação ainda mais complicada para tocar sua atividade. Ainda não vi um discurso na Assembleia Legislativa direcionado ao Ministério da Agricultura questionando sobre providências para recompor o estoque público e evitar o prejuízo a milhares de pequenos criadores rurais que dependem do Programa Vendas em Balcão, incluindo os do Amazonas.

No âmbito federal, novamente, apenas tive acesso a pleitos do deputado federal Alberto Neto, que nem tem origem no setor, mas tem defendido bandeiras importantes da agropecuária local. A outra saída que teríamos, era intensificar a plantação de milho em nosso estado, mas com o travamento na área ambiental isso vira utopia. Quem perde? A economia dos nossos municípios, e a metade da população do estado que vive na extrema pobreza.

O preço do milho no mercado nacional e internacional está interessante, pagando bom preço, então, o produtor não vai vender para o governo e, com isso, não teremos a recomposição do estoque público. Isso é ótimo para o produtor de milho, mas péssimo para os criadores rurais de estados que não plantam milho suficiente para atender a demanda interna. É o caso do Amazonas. Está acontecendo com o milho o que já aconteceu com a soja. Até já li alguns movimentos do Ministério da Agricultura nesse sentido, mas na prática, até agora, nada aconteceu. Vamos acompanhar!

Thomaz Meirelles

Servidor público federal aposentado, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected]
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