Por sorte da Amazônia e de uma história exitosa da indústria petrolífera brasileira o Polo Urucu permanecerá sob o comando da Petróleo Brasileiro S.A. – PETROBRAS.
Em nota datada de 28 de janeiro de 2022 nossa PETROBRAS informa que “finalizou sem êxito as negociações junto à Eneva S.A. para venda da totalidade de sua participação em um conjunto de sete concessões de produção terrestres, denominado Polo Urucu, localizado na Bacia Solimões, no estado do Amazonas”.
Quando recebi a notícia de um amigo petroleiro, junto com suas palavras “Urucu fica! ”, além do alívio daquele que defendeu nesta coluna tal resultado, um sentimento de gratidão ao Jornal do Commercio tomou-me o peito, naturalmente, a partir do que recebo, todas as semanas, do mais importante periódico de economia na Amazônia: escrevo minhas opiniões com liberdade de expressão.
Construir o debate sadio, com tolerância, rebeldia e perseverança vale a pena.
Sentia-me no dever de levantar o grito abafado de gerações de petroleiros e terceirizados formados pela PETROBRAS na Unidade Operacional Pedro de Moura, que nunca aceitaram a venda do mais importante patrimônio da indústria petrolífera nacional.
Peço desculpas aos financistas, que limitam-se a entender patrimônio como um valor monetário de reservas… existe uma história de investimentos em inteligência corporativa, em governança socioambiental, em gerenciamento de risco que fazem do caso Urucu um exemplo mundial de sucesso numa atividade produtiva caracteristicamente crítica em suas condições de sustentabilidade, especialmente quando é desenvolvida no coração da floresta amazônica.
Da mesma forma como acontece com cada um de nós quando damos os primeiros passos, as quedas nos ensinam que o equilíbrio do adulto exige esforço, espírito determinado ao crescimento e maturidade… e dois pés: um esquerdo e outro direito.
O acidente com o derramamento de óleo ocorrido na Baia da Guanabara (RJ), em 2000, trouxe muito mais que prejuízos. Fez a PETROBRAS pensar que, muito mais que lucro em seu balanço financeiro, existe um território ocupado pela operação industrial. E cuidar bem dele e das pessoas exige investimentos em Responsabilidade Social Corporativa.
No bojo destas conquistas nasceram os Centros de Defesa Ambiental (CDA) e acompanhamos os lucros do Complexo Petrolífero de Urucu sendo aplicados na Amazônia, a partir da estruturação de importantes protocolos de controle ambiental e automatização industrial, materializados nos princípios fundamentais da precaução e prevenção.
É gratificante ver que toda nossa história política de meio ambiente praticada no debate científico do desenvolvimento sustentável foi compreendida e devidamente valorada pelo atual Conselho Administrativo da Petróleo Brasileiro S.A.
Aos que discursam que a PETROBRAS nunca fez nada por nossa região, no interesse personalista e ideológico de seus mandatos e escrúpulos, todo o debate que levantei, levanto e levantarei nunca esteve limitado à venda, ou não, de um ativo (ideologias privatizantes, ou estadistas) que traz lucro milionário, diariamente.
A venda de Urucu remetia a uma escolha sem precedentes, que jamais poderá ser reduzida a uma transação comercial.
Desde 2019 dei voz, em dezenas de artigos, ao clamor de trabalhadores e trabalhadoras do Complexo Petrolífero Industrial Geólogo Pedro de Moura (que não pode ser resumido a um polo, como se expressa o comunicado institucional na retórica financista): “Aqui, todo mundo guarda a esperança de não vender”.
E o fizemos, propondo uma leitura realista dos impactos socioambientais envolvidos, inovações tecnológicas exigidas, de forma que, coletivamente, pudéssemos construir a governança necessária à melhor decisão, bem como, critérios rígidos no intuito maior de se eliminar o risco em atividades prospectivas.
Para tanto, houve, há e sempre haverá uma correlação direta entre as tentativas de diminuir o impacto e as escolhas corporativas, ambos modelos irreversíveis.
Conforme afirmei e reforço a contradição: vender o ativo de Urucu é desfazer-se de uma unidade operacional superavitária, com extraordinárias reservas de gás natural, ainda subdimensionadas quanto aos poucos estudos em nossas continentais bacias sedimentares amazônicas, onde a PETROBRAS alcançou os melhores resultados globais de produtividade por hectare de floresta preservada no mundo.
Quem visita Urucu reconhece o trabalho da PETROBRAS, exemplo de um Brasil que sempre deu certo.
Sua historicidade é um símbolo nacional resultado do trabalho, conhecimento, saúde, segurança e resistência dos Filhos e Filhas de nossa Pátria Amada, tão desrespeitada por nossos governantes.
Nosso agradecimento ao Conselho Administrativo da Petróleo Brasileiro S.A., presidente Joaquim Silva e Luna, pela decisão institucional providencial e soberana.
Minha pessoal gratidão aos amigos Sócrates Bomfim Neto, Adalberto dos Santos e Fred Novaes pelo especial espaço editorial e democrático em que busco contribuir, semanalmente.
Aos trabalhadores e trabalhadoras da PETROBRAS, terceirizados em nossa Base Pedro de Moura, população amazonense dos municípios de Carauari, Coari, Tefé… “Vencemos! Urucu fica!”