ZFM se socorre da floresta de novo

Em: 24 de junho de 2025

”A ZFM, que tem o exclusivo apelo econômico no país do preço incentivado de seus produtos, o suficiente para se sustentar mas muito pouco explorado, não precisaria estar se socorrendo do falso artifício do matagal amazônico em sua defesa.”
No episódio mais recente da saga ZFM, é o TCU agora, segundo o jornal Folha de São Paulo edição de 17/06/25, que está a questionar seus incentivos fiscais, depois das tratativas do “Pacto pelo Equilíbrio Fiscal” do Ministério da Fazenda desde a semana passada, com o mesmo objetivo, apesar da clareza da CF.
Em contraponto, resgatada pela aguerrida e atenta bancada federal amazonense, volta a fragilidade da narrativa fictícia de que a ZFM protege a floresta, como argumento político repetitivo. Tal argumento já foi utilizado também à época da Reforma Tributária, e aparenta ser admitido por parte do parlamento e do executivo, talvez porque parte de seus membros não conheça o Norte brasileiro, muito menos o Amazonas, e menos ainda a ZFM. Por este contexto, aceitam a narrativa infundada e repetida até de forma emocional; a emoção os tem convencido.
As assessorias parlamentares não se aprofundaram na matéria e não orientaram os seus titulares eleitos com as informações adequadas. Poderão ser surpreendidas com questionamentos sobre esta narrativa.

Por outro lado, o da verdade, a realidade das imagens amazônicas dos satélites do INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais evidencia que as tais narrativas pertencem a categoria dos devaneios, o que indica que no exercício da política nada pode ser descartado.
Outra evidencia é o senso comum no país de que nem o terreno ali da rua do lado se consegue proteger, imagine-se um território quase do tamanho da Europa.

No campo científico, desde que evitado o negacionismo, em 2 estudos que concluíram pelo inverso – um produzido pela Editora CRV/PIATAM (2009) e outro pela FGV-RJ (2019), inclusive utilizados pela Suframa para divulgar a ZFM, há contestações técnicas já publicadas sobre suas conclusões, que demonstraram a necessidade de revisão de seus textos, e até lá, como medida cautelar, sua utilização como fundamento deveria ser evitada.

Proteger a Amazônia tem sido tarefa impraticável, e atribuir à ZFM esta função contraria o atributo da responsabilidade.

Portanto, convivemos com o fato de que é a floresta, mesmo ficticiamente, que está protegendo a ZFM, e não o contrário.

A ZFM, que tem o exclusivo apelo econômico no país do preço incentivado de seus produtos, o suficiente para se sustentar mas muito pouco explorado, não precisaria estar se socorrendo do falso artifício do matagal amazônico em sua defesa.

(*) Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Contabilista, Professor de Pós-Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.

Juarez Baldoino da Costa

Amazonólogo, MSc em Sociedade e Cultura da Amazônia – UFAM, Economista, Professor de Pós- Graduação e Consultor de empresas especializado em ZFM.
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