O comércio manauara voltou a crescer no Dia das Mães, mas o desempenho médio de vendas ficou abaixo do esperado. O crescimento foi de 2,2%, conforme a CDL-Manaus (Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus), mas a entidade esperava um impulso de 2,8% – que já seria inferior ao contabilizado no ano passado (+3%). A renda bruta registrada pelos lojistas foi de R$ 155 milhões. De acordo com o Ifpeam (Instituto Fecomércio de Pesquisas Empresariais do Amazonas), somente 54,2% dos estabelecimentos comerciais da cidade conseguiu resultados melhores do que os obtidos no ano passado.
A CDL-Manaus destaca que o ticket médio do Dia das Mães deste ano foi de R$ 166, ficando praticamente igual à projeção inicial (R$ 167) e ao saldo do ano passado (R$ 165). O Ifpeam, que conta com metodologia e amostragem diferentes, apontou resultado mais generoso. Realizada dois meses antes da data, a Pesquisa de Intenção de Compra do Consumidor havia revelado que 30% dos 1200 entrevistados esperavam gastar de R$ 151 e R$ 250, mas o levantamento com 275 empresas revelou que a média dos dispêndios dos consumidores de Manaus foi de R$ 301,88, uma alta de 44% sobre 2023 (R$ 209,05).
A pesquisa devolutiva do Instituto Fecomércio de Pesquisas Empresariais do Amazonas mostra que, embora o crescimento tenha se restringido a 52% dos empresários, o resultado positivo foi mais amplo do que o do ano passado (47%). A fatia das vendas estagnadas encolheu de 29% para 18%, ao passo que a parcela de comerciantes com resultados abaixo de 2023 aumentou de 24% para 26,9%. O cartão de crédito foi a modalidade preferencial e o percentual de empresas que trabalham com vendas online mal se moveu, não passando de 63% – em mais um ano de primazia das compras presenciais.
Assim como no ano passado, os principais atrativos oferecidos pelo varejo foram promoções e ofertas, assim como brindes e sorteios, além de facilidades de pagamento. Mas, pouco além da metade dos lojistas (52%) apostou em estoques maiores e a parcela de empresas que não efetuou nenhuma contratação para a segunda data mais relevante do setor aumentou ainda mais em relação a 2023: passou de 74% para 83%. A boa notícia é que o número de estabelecimentos que sofreram problemas de segurança caiu de 10% para 3%, na mesma comparação.
Estratégias e resultados
Para 46% dos lojistas que sinalizaram crescimento, a alta foi de 11% a 35% sobre o ano passado. Uma parcela quase igual de empresas (45%) relata desempenho mais modesto e não superior a 10% de acréscimo. As vendas escalaram entre 36% e 49% para 6% dos entrevistados, sendo que 3% relataram decolagens superiores a essa margem. Segundo o Ifpeam, os segmentos que se destacaram foram vestuários, celulares e cosméticos – confirmando o levantamento de intenção de compras.
Metade dos comerciantes que amargaram vendas menores apresentaram tombos de 11% a 35%. Na sequência estão os que sofreram declínios de até 10% (31%); superiores a 50% (12%) e entre 36% e 49% (7%). Vale notar pouco mais da metade do varejo de Manaus contou com estoques maiores (41%) ou “muito maiores” (11%), enquanto 38% preferiram repetir a margem de investimentos em mercadorias do ano passado e 10% até reduziram.
Em um ambiente de inflação desacelerando, mas ainda marcado por taxas elevadas de juros e endividamento, 95% comerciantes lançaram mão de estratégias para atrair o consumidor. As mais empregadas foram as ofertas e descontos, atrativos utilizados por 53% das empresas entrevistadas – contra os 62% de 2023. Para driblar a erosão nos orçamentos das famílias e fazer o consumidor ir além das compras básicas, lojas também ofereceram brindes e sorteios (21%), “facilidades de pagamento” (19%) e “condições especiais de frete” (2%) também integraram o arsenal dos lojistas.
O cartão de crédito (58%) foi o meio mais utilizado pelos clientes para comprar no Dia das Mães deste ano. Mas, em sintonia com o medo dos juros e da inadimplência, 38% dos consumidores preferiram as diversas modalidades de pagamento à vista (Pix, dinheiro, cartão de débito, transferência bancária, etc). Em seguida estão o crediário/carnê da loja (6%) e cartão de crédito à vista (4%). O levantamento não aponta números, mas as entidades confirmam que os shoppings foram os locais preferenciais de compras
Só 17% das empresas entrevistadas confirmaram que precisaram aumentar os quadros para atender o fluxo de demanda da segunda mais importante data comemorativa do calendário comercial. Quase todos (16%) restringiram as contratações a 3 funcionários e somente 1% admitiu entre 4 e 10 funcionários. No outro extremo, 87% dos estabelecimentos preferiram brecar trabalhar com os colaboradores com que já contavam, em percentual ainda pior do que o registrado em 2023 (74%).
O estudo também tratou da situação da segurança no Dia das Mães. Nada menos do que 97% dos empresários disseram que não houve registro de ocorrências em seus estabelecimentos, e que desconhecem esse tipo de situação em áreas próximas, durante o período. “Em 2023 esse índice foi de 90%, revelando uma diminuição de 7% na percepção de ocorrências de furtos ou roubos nas áreas pesquisadas”, comparou o Ifpeam, no texto de divulgação da pesquisa.
Chuvas e empregos
O presidente da CDL-Manaus, Ralph Assayag, avalia que as vendas só não foram melhoras em razão do clima, que “maltratou” o comércio no fim de semana correspondente ao Dia das Mães. “A chuva foi muito pesada e, quando isso acontece às 14h de uma sexta, acabou o dia. No sábado pela manhã, a chuva foi torrencial até meio dia. Isso aconteceu na cidade toda, e não apenas em determinadas áreas, afugentando os consumidores”, lamentou, descartando eventuais impactos do comércio eletrônico na alta aquém da esperada.
O presidente em exercício da Fecomercio-AM (Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado do Amazonas), avalia que o incremento de vendas do Dia das Mães se deve à melhora da conjuntura econômica do país, com boas perspectivaspara os próximos meses. “Cresceram os empregos e isso é muito positivo, até porque isso reflete não só a melhora da economia, mas também aumento de renda. E indica que nós já superamos grande parte dos momentos difíceis que vivemos no ano passado”, arrematou.
Boxe ou coordenada: Saiba mais sobre a pesquisa do Ifpeam (só se tiver espaço)
Realizado entre 16 e 17 de maio, o estudo do Ifpeam ouviu representantes de 275 empresas comerciais da capital. Os entrevistados são gerentes (67,6%), proprietários dos estabelecimentos (10,2%) ou ocupam cargo de líder de departamento (22,2%). A maior parte das lojas sondadas está nos shoppings centers da cidade (65,6%), seguidas de longe pelo Centro (24,7%) e comércios de bairros (9,8%). Quase metade (49%) são microempresas (até 9 pessoas ocupadas), seguidas pelas de empresas de pequeno porte (10 a 49 pessoas), que corresponderam a 24% do total. Empresas de grande (100 ou mais pessoas) e médio (50 a 99 pessoas) têm fatias respectivas de 16% e 11%.