Um Comitê da Câmara dos EUA avança uma legislação para proibir drones da empresa chinesa DJI. Esta medida vem em conjunto com outras de proteção da indústria norte-americana que tem gerado muita controvérsia, mesmo que seja uma iniciativa conjunta dos dois principais partidos. Na questão tecnológica e de políticas públicas, a discussão está baseada nos riscos de perda de autonomia tecnológica, levantado por Nathan Rosemberg, ainda em 1994, com o nome “caixa preta”, onde, por exemplo, outro país possa impedir o voo de todos os drones.
Apoiando a ação, duas agências dos EUA (CISA e FBI) relatam alguns problemas de segurança cibernética. Por aqui, existem alguns fabricantes de drones de porte infinitamente menores que a DJI, mas que fazem uso de tecnologia nacional e levantam a mesma questão, assegurando que com eles não nos exporemos ao risco de compartilhamento de dados com países estrangeiros, nos protegendo de uma eventual guerra cibernética.
Quanto mais tecnologias embarcarmos em drones, veículos semiautomáticos e automáticos, mais estaremos sujeitos a riscos de controle por estrangeiros de dados e operações no país. De maneira semelhante, o uso de “nuvens” para armazenamento em bases dados computacionais, com as grandes multinacionais, como Amazon, Google ou Microsoft também possuem esta característica. Mesmo com a LGPD e a Autoridade Nacional de Proteção de Dados, ainda estamos no início de uma construção de uma política segura, do ponto de vista institucional, diplomático e de segurança nacional.
A Nova Indústria Brasil (NIB) pode começar a cuidar mais desta questão. Afinal, ela se propõe a retomar o protagonismo da indústria nacional e deve ter neste mês de agosto uma nova versão publicada. Seria bom ver esta questão contemplada. Deixo aqui a sugestão de incluir, nos planos nacionais, uma política nacional para indústrias de drones e veículos autônomos, antes que nossos veículos do futuro estejam sujeitos à controles internacionais de qualquer país, seja ocidental ou oriental.
É inevitável que em um futuro não tão distante as nossas rodovias e depois cidades estejam tomadas por veículos semiautônomos em um primeiro momento e completamente autônomos, em seguida. A Embraer tem liderado uma iniciativa para drones no transporte. Precisamos também montar uma estratégia regulatória e de fabricação mais ampla, para automóveis autônomos.
A Zona Franca de Manaus pode ter uma área, no seu Distrito Industrial, voltada para os dois tipos de tráfego, com a alocação de recursos de Pesquisa & Desenvolvimento destas tecnologias no transporte de cargas entre empresas, seja pelo solo, seja pelo ar. Esta grande oportunidade pode ser incluída na nossa política industrial administrada pela Suframa, como órgão executivo do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC).
Há em Manaus competência técnica e empresas que podem fabricar os diferentes dispositivos de hardware, software e firmware que viabilizam os veículos autônomos, como sensores, câmeras, radares, todos integrados com plataformas de inteligência artificial, com base na conectividade da internet. Precisamos parar de nos perder em discussões inúteis ou ficaremos cada vez mais para trás na enorme corrida e guerra tecnológica em curso no planeta.