2ª Lei das 48 leis do poder

Em: 5 de janeiro de 2023

Carlos Silva

Prosseguindo na tentativa de interpretar, de forma bastante simples, as ideias de  Robert Greene, vou abordar a 2ª Lei das 48 Leis do Poder que, traduzida, diz: “Nunca confie demais nos amigos, aprenda a usar os inimigos.” À primeira vista, parece um paradoxo. Mas, não é. É pura e fria realidade. Você, caro leitor, dever ter tido experiência ou visto algo na vida que confirma a teoria. Quantos casos de amigos de verdade que flertam com as esposas de outros amigos? Ou filhas? Sim, dos nossos inimigos esperamos tudo. Mas, e dos amigos? Voltaire, no seu tempo, produziu uma frase que sintetiza tudo: “Senhor, proteja-me dos meus amigos que dos meus inimigos cuido eu !”. Enfim, quando se vê por aí um amigo solicitar vaga de emprego a outro amigo, e quando se consegue, em um futuro próximo, o pedinte assume a vaga do bom samaritano. Já vimos isso e veremos sempre. No caso específico do nosso Brasil, a política e os poderes democráticos escancaram isso, todos os dias, e de todas as formas. Não tem como evitar, pois, não há vácuo de poder. E para se ascender ao poder, vale tudo. Tudo mesmo. Mas, nem todos pensam assim. E Graças a Deus ! A sociedade seria muito mais violenta se todos seguíssemos fielmente essas regras. O livro de Greene apresenta casos históricos de traições de amigos e a conservação da fidelidade dos inimigos. Eu mesmo conheci um Desembargador, grande amigo, cuja segurança pessoal era composta por antigos apenados, que ele havia proporcionado a liberdade. Inclusive, alguns deles, foram  apenados por assaltar a casa do Desembargador. Foram fiéis até o último dia de vida da autoridade. Conheci todos eles. Morreriam pelo chefe, mesmo. Leia o livro e veja que casos como esse são corriqueiros ao longo da história. O livro traz um texto espetacular:” Cautela com os amigos – eles o trairão mais rapidamente, pois são com mais facilidade levados à inveja. Eles também se tornam mimados e tirânicos. Mas contrate um ex-inimigo e ele lhe será mais fiel do que um amigo, porque tem mais a provar. De fato, você tem mais o que temer por parte dos amigos do que dos inimigos. Se você não tem inimigos, descubra um jeito de tê-los.”. E não é um paradoxo. É pura realidade ! E mesmo em guerras e conflitos diversos, isso ocorre. Abraham Lincoln foi criticado durante a Guerra da Secessão norte-americana por afirmar que “os sulistas, irmãos do Sul, eram seres humanos, companheiros, que estavam, apenas, no caminho errado.” Quando era criticado, Lincoln dizia: “ Não destruo o meus inimigos quando os torno meus amigos?” . E o dito popular: “ o inimigo do meu inimigo é meu amigo”? Mesmo que seja outro inimigo e isso caracteriza, e muito bem, a tese toda. E se você trabalha ou trabalhou com amigos de infância ou parentes, sabe, na pele, que tudo que foi abordado, tem fundamento. Então, leia o livro. E confirme a história. E a vida segue !

Carlos Alberto da Silva

Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares
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