Calma, por quê?

Em: 1 de dezembro de 2022

Carlos Silva

Se você não se lembra do início da sua vida, é problema seu e eu não tenho nada a ver com isso. Bem, abro este artigo com uma frase que, atualmente, e graças a Deus por isso, é desconsiderada como “politicamente correta”! E isso é bom, pois de político, nada tenho. E nem quero, como nunca quis e não pretendo escolher esse caminho na vida. Tudo isso para abordar o porquê de muitos amigos e conhecidos me chamarem de estressado. Ora, bolas! Não sou estressado. Simplesmente não gosto de perder tempo, jogar conversa fora e gastar saliva à toa. A vida é curta e tenho que fazer valer a pena toda a  viagem. Eu tenho uma frase que me resume na vida: preguiça e paciência são defeitos que eu não tenho ! Ah, para você a paciência é uma virtude? Discordo de você. Ponto final! Mas, mesmo sem a tal da paciência, eu sei esperar. E sei mesmo. Mas, voltando ao início do artigo, eu me lembro quando a minha viagem na vida foi iniciada. Era um lugar escuro e frio, no meio líquido e com milhões de irmãozinhos. Na época, não tínhamos nome, mas os cientistas nos chamavam de espermatozoides. Eu não tinha a menor noção do que iria acontecer, mas, fiquei por ali, muito tempo, aguardando ordens para algo  ocorrer. Em determinado momento, em um dia qualquer e em um horário qualquer, “tocaram o alarme” nos testículos de papai e correu o “memorando”, instintivamente, é claro: “cheguem no útero e rápido, senão morrem !”. Ou seja, o momento zero da minha vida foi com estresse, disputa, competição e risco de vida, com letalidade e mortos. Pronto ! Daí em diante, para quê serve a tal da calma mesmo? Bem, hoje em dia alguns pesquisadores de Saúde indicam que o estresse causa vários e sérios problemas nos corpos humanos. Mas, isso não quer dizer que as pessoas calmas tenham melhor qualidade de vida. Apenas, e tão somente, têm as vidas delas e outros, como eu, têm a sua própria vida. E daí? Dia desses, em uma das viagens de rotina, o vôo de conexão atrasou. Muitas horas se passaram e eu ali, no saguão do aeroporto, apenas aguardando. Tomava um café, fumava um cigarro, tomava água e pensava na vida. Nada de conversar com ninguém. Não gosto de gastar saliva à toa. E embarquei e missão cumprida. Anos atrás, levei meu caçula para fazer uma prova. Foram mais de cinco horas de duração. Ele durou na ação, fazendo a prova, e eu, do lado de fora, andando para lá e para cá, sem cafezinho, mas com a minha garrafinha de água e meus cigarros. Sem conversar com nenhum ser humano e sem me sentar em lugar algum. A prova terminou, voltamos para casa e a vida seguiu. Ou seja, estes exemplos me  mostram que eu sei esperar. Mas, isso não quer dizer que sou calmo ou tenho paciência. Apenas, foco em mim mesmo e o tempo passa. E, detalhe, em nenhum desses casos fiquei “plugado” no meu celular. Para quê? Não nasci com isso. E, quando eu morrer, ficarei várias eternidades deitado, descansando, sem nenhum tipo de problema. Então, hoje, aos 64 anos, acordo cedo, faço mil coisas, trabalho em meus empregos, sim, no plural, cuido da família, pago as contas e curto a vida. Com cerveja, é claro. E a vida segue ! Graças a Deus !

Carlos Alberto da Silva

Coronel do Exército, na Reserva, professor universitário, graduado em Administração e mestre em Ciências Militares
Pesquisar