Para quem ainda não sabe, mais de 50% do nosso território é composto por Unidades de Conservação Estaduais, Federais e Terras Indígenas (TI). Temos 98% de florestas intactas. Então, fica fácil concluir que os autores intelectuais do cartaz apresentado pelo Boi Bumbá Caprichoso no último Festival Folclórico de Parintins tinha “outras” intenções, que certamente não é a “demarcação” de terras indígenas, é apenas mais uma “narrativa” que, como já disse, tem outras intenções. Não é verdade que os indígenas precisam de terras no Amazonas, precisam viver com dignidade. E tem mais: Se o SAUIM DE COLEIRA ganhou, dias atrás, 21 mil campos de futebol para ficar pulando de galho em galho e se reproduzindo, será que o nosso índio está mesmo precisando de terra no Amazonas? Os autores desse cartaz usam esses povos e comunidades tradicionais para outros fins. Isso é muito triste! Faço um desafio para os autores do cartaz, que certamente não apareceram na foto. Vou “demarcar” a área que fica a casa de vocês, mas vocês não vão ter água tratada, energia, internet, celular, semente, muda, assistência técnica, saúde, educação, mas os ilícitos vão poder entrar. Quanto tempo vocês vão aguentar? Lógico que não aguentarão essa situação desumana, então porque querem isso para nossos indígenas?
Vamos parar de usar esses povos e comunidades tradicionais para captar recursos internacionais e, mesmo assim, não fazer nada e deixá-los viver miseravelmente. Até hoje os Yanomamis passam fome e estão doentes. Lembro, no tempo do Eron, na SEPROR, que até teve um programa voltado para agricultura indígena, e continua até hoje. Muitos já são fornecedores do PNAE, que eu ajudei a mudar a regra federal para facilitar o fornecimento por parte deles. Quem participa da CATRAPOA (Comissão de Povos e Comunidades Tradicionais), que tem o MPF-AM como coordenador, sabe o quanto ajudei no convencimento junto à Brasília para esse fornecimento virar a realidade que é hoje. Esse é o caminho!
Não quero nem defendo nada ilegal, mas usar quem está doente, com fome e isolado, dependente de rancho (e não de terra) para se dar bem é inaceitável. Chega de teatro, vamos ter sensibilidade e melhor aplicar os recursos para melhorar a vida de quem preservou o verde, nos ensinou muita coisa, nos deu e nos dá a vida. Usá-los é desumano.
É sempre bom lembrar que quem esquentou o planeta foram os Estados Unidos, Europa, China e outros. Não foi o Amazonas, não foi o desmatamento, muito menos nossos produtores rurais. Quem tiver interesse em ver o cartaz apresentado pelo Caprichoso basta acessar o www.thomazrura.com.br
Só vi a manifestação do senador Plínio Valério e do deputado Alberto Neto com relação a essa nova reserva de 21 mil campos de futebol para o SAUIM DE COLEIRA.
09.07.2024
Thomaz Antônio Perez da Silva Meirelles, servidor público federal aposentado, administrador, especialização na gestão da informação ao agronegócio. E-mail: [email protected]