Liberdade de expressão, fake news e o “espantalho” sanitário

Em: 27 de janeiro de 2022

“Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis”, 2 Timóteo 3:1

Que tempos são esses que vivemos. Como diria um profeta global: haja coração!!! Somos testemunhas hoje de um tempo transformador, para o bem e para o mal. 

Nunca na história desse país pensaria em ver jornalistas aplaudindo ditadura, censura de opinião e a perseguição, com o chamado cancelamento, aos que ferem o afirmado “discurso único”, hoje dominante nas redes sociais. 

Sob a égide de uma “suposta” resposta científica, vemos a panaceia chamada fake news agir com o condão de punir sumariamente as vozes dissonantes e servir de arma para déspotas “supremos” tilintarem inconsequentemente suas canetas.

Mas o que é fake news? Por que os jornalistas, influenciadores políticos e formadores de opinião deixaram de lado o princípio do contraditório e vêm tratando sua audiência como massa inculta e incapaz de tirar suas próprias conclusões? 

Essas são questões chaves para entender os tempos difíceis que vivemos hoje. Fake news não é algo novo, é tão velho quanto o mundo, mas vem ganhando força com o avanço das redes sociais e sua utilização para a livre manifestação de opiniões políticas diversas. 

Coincidentemente ou não, a “preocupação” com as fake news veio “cum borra” (como dizem por aqui), com a ascensão de vozes chamadas de direita, conservadores e liberais clássicos, que ganharam espaço e passaram a influenciar até mesmo o resultado nas urnas, além de criar contrapontos a uma visão hegemônica que imperava na chamada grande imprensa, muito mais alinhada à visão progressista, de esquerda.

Essa pressão ficou mais visível no escarcéu feito contra as chamadas big techs da internet (Facebook, Instagram, Whatsapp, Twitter e Google) com a eleição de Trump nos EUA e as narrativas de que vitória teria sido facilitada pela difusão de “fake news”, com uso de robôs e até mesmo com um suposto apoio russo. 

Aquele velho ditado (os fins justificam os meios) tem servido como argumento para essa tentativa de regulação das redes sociais, mediada por opositores da chamada direita emergente. Depois disso, muita gente vem tendo as suas contas “suspensas” nas redes sociais por não cumprirem as “diretrizes da comunidade”. E, pior, com jornalistas aplaudindo essas censuras sumárias. 

Todos sabemos que hoje as redes sociais são o principal meio de difusão de notícias e de comunicação e qualquer tipo de intervenção na liberdade dos usuários é, no mínimo, crítico e antidemocrático.

Nesse balaio, surge outra “variante” para dar sustentação moral à liberdade controlada que tentam vender como necessária para “corrigir atos abusivos”. A crise sanitária que vivemos aparece como um “espantalho” para afugentar pássaros que promovam ideias contrárias ao controle que o Estado precisa exercer neste momento, segundo os defensores do chamado “discurso único”.  

Defendo a liberdade! Não uma “meia liberdade” ou uma “liberdade regulada”. Me parece que muitos temem os choques de narrativas por menosprezar as audiências e, em razão disso, tentam rebaixar opiniões contrárias com termos como “discurso de ódio”, “negacionismo” e outras hipérboles. Assim, buscam ridicularizar quem dá ouvido a essas vozes dissonantes. 

Esse é o tempo em que vivemos, mas muitos ainda preferem agir como “birdbox”, com olhos vendados para a realidade. Como disse o poeta Thiago de Mello: a palavra liberdade precisa sair do pântano enganoso das bocas e ser algo vivo e transparente. Faz escuro, mas eu posto!

Fred Novaes

É jornalista
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