Líderes agem, não apenas reagem

Em: 8 de maio de 2025

Imagine a seguinte cena: Júlia, gerente de projetos em uma multinacional do setor de tecnologia, entra em uma segunda-feira tensa. O cliente principal está aguardando um posicionamento sobre uma funcionalidade crítica, e a equipe técnica ainda não chegou a um consenso. Reuniões vão e vêm. Relatórios se acumulam.

Seu time técnico debate sobre os prós e contras de uma funcionalidade. O cliente espera uma resposta urgente. Mas ainda existem lacunas nas informações. Júlia hesita. O receio de tomar uma decisão imperfeita paralisa a ação. E o tempo segue correndo.

Essa situação não é incomum. Muitos líderes, diariamente, vivem o impasse entre o desejo de acertar e o medo de errar. E é aí que surge um fenômeno perigoso, silencioso e cada vez mais comum nas organizações: a paralisia da análise — um comportamento em que o medo de errar supera a vontade de agir.

Essa paralisia pode ser mais destrutiva do que uma decisão errada. Enquanto o líder espera a “resposta perfeita”, oportunidades se perdem, a equipe desmotiva e a concorrência avança. Pior: transmite-se uma imagem de insegurança e falta de liderança.

O grande desafio não está em decidir rápido por impulso, mas sim em agir com coragem, mesmo sem garantias. A liderança não exige certezas absolutas — exige compromisso com o movimento.
Como bem disse Brené Brown, autora e pesquisadora de coragem organizacional:
“Coragem é se levantar e agir mesmo quando você não tem todas as respostas.”

Neste caminho, existe um papel importante da coragem na tomada de decisão, afinal, Coragem não é ausência de medo. Coragem é agir apesar do medo. No contexto da liderança, isso significa:

• Tomar decisões com base no melhor julgamento disponível, mesmo sob pressão.
• Saber que errar faz parte do processo — e estar disposto a corrigir rapidamente.
• Confiar na própria intuição e na capacidade da equipe de aprender com os erros.
• Não buscar validação constante, mas assumir a responsabilidade por mover o jogo.

Voltando à história de Júlia: após três dias de discussões sem definição, ela tomou uma decisão baseada nos dados disponíveis, comunicou com clareza os riscos e os próximos passos e combinou uma reavaliação dali a 15 dias. O resultado? A equipe se sentiu aliviada, o cliente respondeu com confiança e o projeto avançou. Júlia entendeu que esperar pela perfeição é muitas vezes escolher o fracasso silencioso.

Uma excelente estratégia para este caminho de agir com coragem ao invés de reagir pode ser a Regra dos 70%: Decida com o que já sabe.

General Colin Powell, um dos líderes mais admirados do século XX, ensinava:
“Se você espera por mais de 70% das informações para decidir, está demorando demais. Se decide com menos de 40%, está sendo irresponsável.”

Essa chamada Regra dos 70% tornou-se uma bússola para líderes em ambientes de alta volatilidade. Ela propõe que, ao alcançar cerca de 70% de clareza, o líder já tem base suficiente para agir com responsabilidade e adaptar conforme o caminho avança.
Voltando ao caso de Júlia: ela decidiu aplicar essa lógica. Mesmo sem consenso técnico completo, assumiu uma escolha segura o suficiente para avançar e estabeleceu um plano de revisão em 15 dias. O cliente sentiu confiança, a equipe saiu da estagnação e o projeto retomou a fluidez. Júlia não teve 100% de certeza — mas teve coragem e método.

Para tomar decisões com mais agilidade, é essencial começar estabelecendo prazos claros — toda decisão sem limite de tempo tende à postergação. Um acordo simples consigo mesmo, como “decidirei até quarta-feira às 10h”, pode evitar a paralisia.

Outro ponto importante é priorizar decisões reversíveis: muitas escolhas podem ser testadas em pequena escala e ajustadas no caminho, lembrando que a ação é sempre uma excelente forma de aprendizado. Além disso, líderes que evitam a centralização e delegam aquilo que não exige seu envolvimento direto ganham velocidade e fortalecem a confiança da equipe. Por fim, cultivar uma cultura de aprendizado em vez de punição estimula as pessoas a se posicionarem com mais autonomia — quando o erro é visto como parte do processo, o medo perde espaço para a iniciativa.

Você pode também usar perguntas mobilizadoras para destravar decisões e estimular clareza de pensamento. Em vez de se prender ao “e se der errado?”, experimente perguntar: “O que posso decidir agora, com o que já sei?” ou “Qual o pior cenário possível — e como posso me preparar para ele?”. Perguntas bem formuladas tem o poder de deslocar o foco do medo para a ação, provocando reflexões que impulsionam o movimento. Líderes que dominam esse recurso criam caminhos mesmo diante da incerteza, porque entendem que boas perguntas muitas vezes valem mais do que respostas perfeitas.

Lembre-se que liderar é também sobre gerar este movimento. Em tempos de mudanças constantes, liderar não é saber tudo — é agir com clareza no meio da névoa. A agilidade na tomada de decisão é o que separa os líderes que constroem resultados daqueles que ficam presos ao excesso de análise e ao medo de errar.

Como disse Peter Drucker, o considerado pai da administração: “Onde quer que você veja um negócio de sucesso, pode acreditar que ali houve alguém que tomou uma decisão corajosa”.

Essa frase de Peter Drucker nos convida a enxergar o sucesso sob uma nova lente: a da coragem. Por trás de cada resultado expressivo, de cada empresa admirada, há sempre alguém que, em algum momento, ousou decidir diante da incerteza. Essa coragem não é sinônimo de impulsividade, mas de responsabilidade ativa — é a escolha consciente de agir mesmo sem garantias absolutas. Líderes corajosos não esperam o cenário perfeito; eles reconhecem que o progresso nasce do movimento. E é nesse movimento que as oportunidades se revelam, que as equipes se engajam e que as mudanças acontecem. Em um mundo cada vez mais veloz, a coragem de decidir pode ser o diferencial entre liderar o futuro ou apenas reagir ao que ele trouxer.

Se você lidera, a decisão faz parte da sua função essencial. Aguarde menos. Aja mais. Ajuste sempre. Porque líderes não reagem ao tempo — eles o lideram. Querendo aprender mais sobre agir e não simplesmente reagir, convido você para o nosso treinamento CORAGEM dia 17 de maio.

Cintia Lima
Psicóloga e Mentora de Líderes
@psi.cintialima

Cíntia Lima

é Psicóloga, Master Coach e Mentora Organizacional [email protected] - 92 981004470
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