Produção de motocicletas supera expectativas em 2023 e Abraciclo projeta alta de 7,4% em 2024

Em: 13 de janeiro de 2024

A indústria de motocicletas do PIM fechou 2023 com produção e vendas acima do projetado e boas expectativas para 2014. O Polo Industrial de Manaus sustentou taxa de expansão de 11,3% em 12 meses, ao passar de 1.413.222 (2022) para 1.573.221 (2023) unidades, no melhor resultado desde 2014 (1.517.662). O número de emplacamentos foi ainda mais longe e avançou 16,2%, com 1.582.032 (2023) contra 1.361.941 (2022) unidades. Os dados foram divulgados nesta sexta (12), pela Abraciclo (Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares), em coletiva de imprensa.

A expectativa da entidade, que já havia revisto para cima seus números no decorrer do ano, era encerrar o exercício anterior com alta de 10,4% nas linhas de produção, com 1.560.000 unidades fabricadas. O número de licenciamentos aguardados no mercado doméstico era de 1.511.000, equivalendo a um acréscimo de 10,9%. A mesma base de dados indica, no entanto, que as exportações surpreenderam ainda mais, embora do ponto de vista negativo. Já era esperado que o PIM fechasse o ano com queda de 10,9% (49.000) no volume de motocicletas embarcadas para o estrangeiro, mas o tombo nas vendas externas foi quatro vezes maior e chegou a 40,5% (32.931)

A mesma base de dados indica, por outro lado, que o subsetor manteve ritmo ascendente de trabalho em dezembro, a despeito da sazonalidade das férias de fim de ano e dos rescaldos da crise logística aberta pela vazante histórica. Em dezembro, foram produzidas 117.929 motocicletas no parque fabril de Manaus, gerando uma alta de 38,5% na comparação com o mesmo mês de 2022. Em relação a novembro, no entanto, houve queda de 10,7%. A Abraciclo espera que 2024 registre uma produção 7,4% ainda maior, somando 1.690.000 motocicletas. As estimativas dão conta também de um aumento de 7,5%, nas vendas internas, e um acréscimo de 6,3% (35.000), nas externas.

“A projeção se baseia nos cenários macroeconômicos do Brasil, considerando fatores como as expectativas de crescimento do Produto Interno Bruto, inflação, variações nas taxas de juros, confiança do consumidor etc. Nossa meta é seguir crescendo de forma sustentável e retornar ao patamar de produção de dois milhões de unidades nos próximos anos”, afirmou o presidente da Abraciclo, Marcos Bento, ao ressaltar que o polo de bicicletas de Manaus é o maior do mundo, “fora do eixo asiático”.

Reforma e seca

Durante a coletiva, o presidente da entidade destacou outros números do segmento. A estimativa dos associados da Abraciclo, juntamente com a Suframa, é que o polo de motocicletas tenha encerrado o ano como R$ 31 bilhões de faturamento, no PIM. A quantidade de colaboradores diretos somou 16.800 pessoas, com capacidade produtiva de 1,6 milhão de motocicletas por ano. Conforme o executivo, o polo de duas rodas contribui também com números expressivos no país: mais de 150 mil empregos diretos; 7.800 concessionárias e 1.500 empresas fornecedoras de componentes.

“Falando um pouco da nossa estratégia, atuamos em três pilares: política industrial, segurança viária e o pilar técnico [com a entrada de vigência do Promot]. Em 2023, o país acompanhou de perto as discussões sobre a reforma Tributária e a Abraciclo atuo atentamente, visto que todos os nossos fabricantes estão estabelecidos na Zona Franca de Manaus e agradecemos o trabalho da bancada do Amazonas e todo o Congresso, que pode reconhecer a importância da ZFM. No texto aprovado e promulgado, temos a garantia constitucional do modelo, até 2073”, destacou.

Marcos Bento salientou ainda que o mercado de motocicletas foi favorecido por diversos fatores, que ensejam potencial para continuidade no aumento de volumes de produção. A lista inclui a “continuidade demanda por mobilidade logística urbana (delivery)” e o fato de que a motocicleta é o modal de transporte automotor que mais cresceu no varejo em 2023. Outro ponto positivo foi o aumento das compras a vista (30%) e por consórcio (35%), ajudando o segmento a driblar os entraves na concessão de crédito.

“Gostaria de registrar meu agradecimento pelo esforço dos fabricantes, principalmente no último trimestre. Tivemos a pior seca registrada no Amazonas e isso fez com que a gente sofresse falta de componentes e dificuldades logísticas. Mas, mesmo assim, superamos as expectativas”, frisou.

Sobre as expectativas para 2024, o presidente da Abraciclo aponta potenciais entraves, como os reflexos dos “conflitos globais” no aumento do preço do barril de petróleo e do custo do frete. “No âmbito nacional, apesar da aprovação do texto da reforma Tributária, ainda vai haver muita movimentação na sua regulamentação. É um ano de eleição municipal, mas há uma retomada econômica, uma inflação mais estabilizada e geração de emprego e renda. Ainda há uma expectativa de continuidade na redução da taxa de juros”, ponderou, acrescentando que a mudança climática pode impactar também nos custos logísticos e de produção.

Varejo e exportações

O volume de motos comercializado no varejo interno acelerou 1,75% entre novembro (130.514) e dezembro (132.797). O confronto com o mesmo mês de 2022 (132.204) apontou um virtual empate (+0,45%). De janeiro a dezembro, os emplacamentos (1.582.032) escalaram 16,2%. O Sudeste concentrou 37,3% (590.300) das vendas do acumulado. Na sequência estão o Nordeste (31,1% e 492.500), o Norte (13,1% e 206.500), o Centro-Oeste (9,7% e 154.200) e o Sul (8,8% e 138.500). As maiores taxas de crescimento vieram do Nordeste (+21,5%) e do Norte (+18,8%).

As motocicletas de baixa cilindrada (até 160 centímetros cúbicos) representaram 80,5% (1,266 milhão) das vendas domésticas, em 12 meses, além de atingir a maior alta do período (+13,5%). Os modelos de 161 a 449 cilindradas responderam por 16,5% (259.900). Os veículos acima de 450 cilindradas contribuíram com 3% do total (47.200). A categoria Street (785.500) reinou com 49,9% da oferta, sendo seguida pela Trail (19% e 298.300), Motoneta (15,3% e 240.200), Scooter (9,4% e 148.000) e Off Road (2,3% e 35.700) – a única a reduzir o passo (-0,8%). 

“Um dado importante é que 63,4% [997.900 unidades] de nossa produção é de motocicletas bicombustível. O Brasil e pioneiro e líder nessa tecnologia, e estamos alinhados com o programa de descarbonização global”, finalizou Marcos Bento.

Em contrapartida, as exportações de motos ‘made in ZFM’, reforçaram baixa, no encerramento do ano passado. As vendas desabaram 25,6% entre novembro (1.436) e dezembro (1.069), e despencaram 72,8% frente ao dado de 12 meses atrás (4.047). Com isso, o ano encerrou com um mergulho de 40,5% nas vendas externas e somente 32.931 embarcadas para o mercado estrangeiro. A Abraciclo não informou o ranking de destinos das motocicletas ‘made in ZFM’. Dados do Comex Stat, alimentados pelo Mdic, informam que, na medida por valores, o ranking do ano foi liderado por Argentina, Colômbia e EUA.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
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