Faturamento e empregos do comércio do Amazonas retomam patamar pré-pandemia  

Em: 28 de setembro de 2023

O comércio do Amazonas registrou crescimento de receitas e empregos acima do patamar pré-pandemia, no segundo ano da crise sanitária. O mesmo se deu nos números de empresas e na margem de comercialização do setor. O quantitativo de pessoal ocupado em unidades comerciais no Estado foi na direção inversa da média nacional e chegou a 94.313 em 2021, configurando elevação de 7,77% em relação a 2019 (87.510). Em sintonia, os gastos com salários retiradas e outras remunerações aumentou 11,22% na mesma comparação, com R$ 2,28 bilhões (2021) contra R$ 2,05 bilhões (2019). 

A receita bruta do comércio amazonense escalou 42,10% entre 2019 (R$ 42,99 bilhões) e 2021 (R$ 61,09 bilhões), alimentada pela injeção de liquidez do governo federal para conter a crise da covid-19. A margem de comercialização cresceu 32,22% (R$ 12,27 bilhões). Apesar das mudanças no cenário de consumo decorrentes das políticas de distanciamento social, houve acréscimo de 11,19% na quantidade de empresas, de 8.420 (2019) para 9.362 (2021). É o que revela a PAC (Pesquisa Anual do Comércio) 2021, levantamento do IBGE realizado com uma amostra de 82.242 empresas de todo o país.

Em paralelo, a sondagem confirmou também um aumento na escala dois dígitos nas vendas por internet, usando sites, aplicativos, mídias sociais e aplicativos de mensagem instantânea. Entre 2019 e 2020, o número de empresas usaram esse canal de comercialização disparou 44,8%, de 1.900 para 2.700. O ano seguinte registrou expansão de 13,5%, somando 3.100 pessoas jurídicas. “O movimento indicou que a internet foi usada como alternativa às restrições para realização do comércio físico no período da crise sanitária da covid-19”, reforçou o IBGE-AM, no texto de divulgação do estudo.

“Processo de recuperação”

O comércio brasileiro como um todo declinou em número de empregos e empresas, frente a 2019. A quantidade de trabalhadores no setor encostou em 10,08 milhões, ao final de 2021, ficando 0,99% aquém do registro de 2019 (10,18 milhões). Somente o atacado (+8%) avançou, em contraste com o varejo (-0,5%) e o segmento de veículos e peças (-10,5%). O contingente, no entanto, mostrou recuperação de 3,2% em relação ao declínio de trabalhadores contabilizado no primeiro ano da crise da covid-19 (9,76 milhões). 

O varejo representou quase 75% dos quadros totais da atividade em 2021, ao registrar elevação de 2,7% ante 2020. O IBGE ressalta, contudo, que o atacado vem aumentando sua participação desde 2010 e também obteve o maior incremento percentual (+6,5%) entre os dois. Foi favorecido pelas atividades de produtos alimentícios, bebidas e fumo (+5,9%), de produtos químicos, siderúrgicos, papel, papelão, resíduos e sucatas (+11,9%); de máquinas, aparelhos e equipamentos, inclusive TI e comunicação (+10,4%). 

Em dez anos, o emprego do setor subiu apenas 0,5% no Brasil, sendo alavancado pelos segmentos de hipermercados e supermercados (+417,8 mil pessoas); de produtos farmacêuticos, perfumaria, cosméticos e artigos médicos, ópticos e ortopédicos (+156,7 mil pessoas); e de combustíveis e lubrificantes (+69,7 mil pessoas). Em contraste, as maiores reduções ficaram com os subsetores de tecidos, vestuário, calçados e armarinho (-336,2 mil pessoas); e de informática, comunicação e artigos de uso doméstico (- 89,1 mil pessoas).

O número de unidades locais do comércio brasileiro encolheu 2,5% entre 2019 (1,60 milhão) e 2021 (1,56 milhão), apesar da recuperação ante 2020 (1,49 milhão). A comparação com 2012 (1,73 milhão) mostrou queda ainda maior, de 9,82%. A retração coincide com o aumento de participação das vendas por internet, com destaque para o varejo de artigos culturais, recreativos e esportivos, onde essa fatia saltou de 11,9% para 17,8%, entre 2019 e 2021..

“Em 2021, continuou o processo de recuperação da atividade econômica que se iniciou em 2020, com a vacinação e o relaxamento do isolamento social por causa da covid-19. Mas essa recuperação não foi suficiente para voltarmos ao patamar de 2019. Percebemos, também, algumas atividades tentando diversificar sua forma de comercialização, começando a vender pela internet”, destacou o analista da pesquisa, Marcelo Miranda, em texto postado no site da Agência de Notícias IBGE.

Faturamento e salários

A média nacional do setor se saiu melhor em termos de faturamento, margem de comercialização e massa salarial. Entre 2019 e 2021, o comércio escalou 38,16% em receita bruta (R$ 6,01 trilhões). Dessa quantia, o comércio de veículos automotores, peças e motocicletas contribuiu com R$ 509,8 bilhões, o atacado com R$ 3,0 trilhões, e o varejo com R$ 2,5 trilhões. Já a receita operacional líquida, que é livre deduções como vendas canceladas, descontos, ICMS sobre vendas e outros impostos, foi de R$ 5,5 trilhões.

O comércio por atacado respondeu por 49,6% do total, sendo essa a maior taxa desde 2007. O comércio varejista, que liderou entre 2014 e 2019, manteve a segunda posição, com 41,7% de participação, menor taxa dos últimos 10 anos. A participação do comércio de veículos automotores, peças e motocicletas recuou de 13,6% (2012) para 8,7% (2021).

A margem de comercialização, que é a diferença entre a receita líquida de revenda e o custo das mercadorias vendidas, foi de R$ 1,2 trilhão em 2021. O indicador, que vinha crescendo entre 2012 (29,6%) e 2014 (30,6%) – quando chegou ao pico da série histórica – chegou ao menor percentual em 2021 (27,3%). O comércio atacadista ficou com 41,1% de participação dos valores de 2021, maior valor da série histórica desde 2007. O comércio varejista foi responsável por 51%, atingindo o menor valor entre 2012 e 2021. Na outra ponta, o subsetor de veículos, peças e motocicletas contribuiu com 7,9%. 

Os gastos do comércio brasileiro com salários, por outro lado, chegaram ao seu maior valor em uma década, no segundo ano da pandemia. De 2012 (R$ 143,46 bilhões) a 2021 (R$ 277,20 bilhões), houve um crescimento de 93,22% nos dispêndios para esse fim. Foram registrados também acréscimos respectivos de 11,95%, frente a 2019 (R$ 247,61 bilhões), e de 14,81%, na comparação com 2020 (R$ 241,45 bilhões). 

“Sensível melhora”

O supervisor de disseminação de informações do IBGE-AM, Adjalma Nogueira Jaques, reforçou à reportagem do Jornal do Commercio que o comércio amazonense avançou nos principais indicadores da pesquisa, a despeito de o Estado ainda estar “mergulhado na pandemia”, indicando que o processo de recuperação já estava em curso, com os números de unidades locais, pessoal ocupado e receita bruta refletindo “sensível melhora”.

“Todas as divisões do comércio tiveram variação positiva entre 2020 e 2021, o comércio atacadista foi o que mais cresceu (+27,4%). Já o varejo subiu 18,8% e o comércio de veículos e peças e motocicletas elevou 11,3%. Além disso, duas divisões do comércio elevaram o número de unidades, e apenas o atacado reduziu. Podemos dizer que 2021 foi o ano da recuperação do comércio do Amazonas, com números até maiores que os da pré-pandemia.”, concluiu.

Marco Dassori

É repórter do Jornal do Commercio
Pesquisar